Neide Martingo
 
Pelo sim, pelo não, o melhor é ir às  compras. Esse foi o pensamento dos consumidores que lotaram os feirões de carros  no final de semana passado, o último com a redução do Imposto sobre Produtos  Industrializados (IPI). Quem compra e quem vende torce pela prorrogação – ainda  incerta.
 A  Fiat organizou três feirões em São Paulo, onde estiveram à venda 5 mil veículos.  O interessado podia financiar o carro em até 72 meses pelo banco Fiat, com 20%  de entrada e taxa de juros de 1,57%. O Mille Fire, modelo 2009/2010, por  exemplo, custava  a partir de R$ 21,5 mil. De acordo com o  especialista em marketing da Fiat, Guilherme de Rezende, o feirão é responsável  pela alta nas vendas de até 30% neste mês. "O movimento está bem acima do  esperado. A preocupação fica por conta da não prorrogação da redução do IPI – os  veículos terão 'aumento' de 7% do dia para a noite. As vendas vão cair muito",  afirmou.
A falta de  veículos foi um dos problemas. "Alguns modelos estão esgotados. Se alguém  comprar e quiser esperar entre 30 e 40 dias úteis, pode perder a redução do IPI  – caso não haja a prorrogação do incentivo. O carro tem que ser faturado até o  dia 30 de junho. O prazo pode ser maior", disse o  especialista.
O vendedor Pepe  de Marzo disse que, num feirão, chega a vender 20 veículos. "Perdi entre dez e  15, em razão da falta de carros. Se não fosse isso, bateria meu próprio  recorde.
Mas o  publicitário Rafael Lamping teve sorte. Ele escolheu um Siena Fire, com estoque.  Economizou R$ 2,6 mil com a redução do IPI – fechou o negócio por R$ 26,7, e deu  um veículo Gol de entrada, avaliado em R$ 15,3 mil. "A diferença paguei à vista.  Meu pai me emprestou o dinheiro", afirmou. "É uma oportunidade, vale a pena  porque até o seguro do veículo é mais barato", disse o gerente Roberto Lamping,  pai de Rafael.
Outro casal que  escolheu o Siena – e vai receber o carro em sete dias – é a gerente financeira  Nilma Ribeiro e o vendedor aposentado Sérgio Ribeiro. "Já tínhamos um Siena, que  demos de entrada. A diferença será paga à vista. Não ficarei chateada se a  redução do IPI for prorrogada. Fechei um bom negócio, mesmo no último final se  semana – economizei R$ 3 mil – e ganhei a documentação do carro, no total de R$  490", disse Nilma. Negócios que fizeram a alegria da vendedora Patrícia Barbosa.  "Eu vendi, no feirão, o equivalente a 70% de um mês  inteiro."
A Ford realizou o  feirão no estacionamento do Shopping Center Norte, com financiamento de até 80  meses. 
O professor de  educação física Jeferson Monteiro e a médica Regina Monteiro escolheram um Ford  KA, que será pago em 60 prestações de R$ 627, sem entrada, com juros mensais de  1,4%. "Deixamos para o último final de semana porque minha mulher está sempre de  plantão. Agora ela não precisará mais usar meu carro", disse o  professor.
O bebê ainda nem  nasceu e já está mexendo com a rotina da família. "A Júlia deve nascer a  qualquer momento. Já temos dois carros, mas precisamos de mais um, maior",  afirmou a empresária Patrícia Lucena. O marido dela, o engenheiro Marcos  Kawan,  diz que o preço do Focus está um pouquinho salgado – R$ 70  mil. Mas está sendo vendido com redução de R$ 5 mil, em razão do incentivo  fiscal. "Vale a pena."
A GM organizou  seis feirões no País, mas 560 concessionárias também ficaram abertas. O gerente  regional de marketing e de vendas da montadora, Rodrigo Runi, diz que o sábado  foi dia de pesquisa para os consumidores e, no domingo, os negócios foram  fechados. "Num final de semana comum, são vendidos aproximadamente 800 carros.  Neste último, o número chegou a duas mil unidades. Algumas versões do Celta, do  Meriva e do Vectra não estavam disponíveis – e não havia previsão de faturar a  nota ainda em junho, com a redução do IPI. Mas os consumidores escolheram outros  modelos", detalhou Runi.
A Volkswagen não  ficou de fora – os feirões da montadora aconteceram nas concessionárias da  Grande São Paulo e da Baixada Santista.