Captação da poupança em junho é a maior do ano
A caderneta de poupança registrou na primeira semana de junho a maior captação líquida do ano.
Renée Pereira
A caderneta de poupança registrou na primeira semana de junho a maior captação líquida do ano. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o saldo dos depósitos menos os saques ficou positivo em R$ 3,044 bilhões, 12% superior ao verificado na primeira semana de maio, quando a captação líquida foi de R$ 2,716 bilhões. O valor é 54% superior ao de igual período do ano passado.
Apesar disso, especialistas acreditam que ainda é cedo para afirmar se é  ou não uma tendência para os próximos meses. Uma das justificativas é o fato de  a primeira semana ser tradicionalmente a mais forte do mês por causa do  recebimento dos salários. Conforme vão surgindo os compromissos mensais, a  captação líquida tende a diminuir nas semanas seguintes, conforme demonstram  números da Abecip.
Foi o que ocorreu, por exemplo, nos meses de março e  abril. Apesar de uma captação líquida na primeira semana de R$ 2,47 bilhões e R$  1,84 bilhão, respectivamente, o saldo mensal ficou negativo em R$ 898 milhões e  R$ 563 milhões, respectivamente.
Outra explicação é que a partir de abril  a vida financeira dos clientes começa a se equilibrar, já que até março boa  parte da renda está comprometida com o pagamento de impostos, matrículas e  materiais escolares, afirma o diretor de investimentos do Bradesco, Marcos  Villanova.
De qualquer forma, a queda da taxa Selic, hoje em 9,25% ao  ano, deve tornar a poupança mais atrativa comparada a outras aplicações, como os  fundos DI, CDBs e os títulos do governo, destaca o matemático José Dutra  Sobrinho. Hoje, uma aplicação de R$ 5 mil na poupança rende por mês R$ 4,10 mais  comparado a um fundo de investimento com taxa de administração de 2% e Imposto  de Renda de 15%.
Em junho até o dia 17, a captação líquida dos fundos DI,  considerados os mais conservadores do mercado, que aplicam basicamente em  títulos públicos, estava negativa em R$ 1,9 bilhão. No ano, esse valor já atinge  R$ 6,7 bilhões. Villanova observa, entretanto, que não se pode afirmar que está  havendo uma migração de dinheiro dos fundos para a caderneta de poupança.  
"Estou há 30 anos nesse mercado e posso dizer que são duas coisas muito  distintas. O investidor de fundo é aquele que aplica e resgata todo dia, ao  contrário do poupador, que coloca uma quantia todo mês e tem data para  retirar."
 
                                