Agência vai revisar projeção de investimentos para 2010
A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) lançada pelo governo Lula acaba de completar um ano - no mesmo mês em que a indústria brasileira ensaia primeiros sinais de recuperação frente à crise financeira que abateu os resultados do setor em 200
A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) lançada pelo governo Lula acaba de  completar um ano - no mesmo mês em que a indústria brasileira ensaia primeiros  sinais de recuperação frente à crise financeira que abateu os resultados do  setor em 2009. Idealizada em um cenário de franca expansão da economia  brasileira e mundial, a PDP passa agora por um teste maior. Em entrevista  exclusiva ao DCI, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento  Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri, afirma que a crise não põe em risco a PDP.  Ao contrário, potencializa sua importância frente aos desafios impostos pelo  momento.
Quando anunciada, em maio do ano passado, o governo trouxe no  texto da PDP um pacote de 86 medidas regulatórias, distribuídas em quatro  projetos de lei, 31 decretos, três resoluções da Câmara de Comércio Exterior  (Camex) e nove medidas, das quais duas já viraram Lei (MP 428 e MP 429), o  restante tramita no Congresso. Segundo Arcuri, boa parte dessas propostas já  estão valendo, uma ou outra aguarda regulamentação. "O arcabouço legal e de atos  administrativos está funcionando perfeitamente. Algumas dessas ações só vão ter  seus efeitos a partir de agora", diz .
Das quatro macro metas  estabelecidas pela PDP - aumentar a participação brasileira no comércio exterior  e a inserção de micro e pequenas empresas no mercado internacional, ampliar os  investimentos no país e elevar os desembolsos em pesquisa e desenvolvimento -  três ficam mantidas, exceto a ampliação de investimentos em capital fixo para  21% do Produto Interno Bruto em 2010, que será revisada.
Com o  aquecimento econômico de 2008, o investimento chegou a 20,4% no fim do terceiro  trimestre, mas esse percentual caiu de lá para cá. "O objetivo é que o  investimento em formação bruta de capital fixo no Brasil deve ir na frente do  crescimento do PIB. Isso continua", explica. "Mas se o PIB é de 5%, estávamos  trabalhando com 21%, se o PIB for 0,7% ou 1%, vamos ter que calibrar isso a nova  realidade", acrescenta Arcuri.
Seguindo o mesmo critério de importância,  aparece a meta de gastos  privados em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB. Em maio de 2008, a  posição do Brasil era de investimentos de 0,51% ou R$ 11,9 bilhões. O desafio da  Política foi projetado para alcançar em 2010 o patamar de 0,65% (R$ 18,2  bilhões). "Esta meta continua ainda mais fundamental do que era antes, porque é  exatamente esse tipo de investimento nas indústrias, em pesquisa e  desenvolvimento, em inovação, que vai nos permitir ter uma posição muito mais  sólida e muito mais perene no comércio internacional."
Para expansão de  exportações, o objetivo traçado pela PDP é atingir no próximo ano: 1,25% (US$  208,8 bilhões) do comércio internacional, saindo de uma posição inicial de 1,18%  ou US$ 160,6 bilhões. Em 2008, Arcuri diz que a meta foi alcançada, "o que  mostra que esse é um vetor possível". Além do aumento da participação de todos  os produtos, discute-se também o aumento focado em produtos de média, média alta  e alta tecnologia.
"A ideia das metas numa política é completamente  diferente da ideia de metas num programa", afirma o presidente da ABDI. "Em um  programa de governo é tomada a decisão de fazer determinada coisa e colocado  dinheiro para que aquilo seja executado. Acompanha-se a execução em função do  desembolso e da realização de etapas. No caso de um política é um processo muito  mais complexo, porque você depende do movimento de outros players mundiais",  frisa.
Para a inserção internacional de micro e pequenas empresas, a  intenção era aumentar em 10% o número exportadoras. "Esse é certamente um  desafio maior agora, porque o mundo está se retraindo, em alguns casos como  nossos vizinhos, levantando barreiras, mas isso só faz o desafio mais complexo",  explica. Para ele, a exportação é muito concentrada nas grandes empresas, por  isso a necessidade do ingresso de empresas menores na exportação.
Segundo  Arcuri, o grande peso das medidas apresentadas pela PDP foram de caráter  horizontal, focadas em seus eixos principais, com o objetivo de facilitar o  acesso aos instrumentos de desenvolvimento e inovação pela indústria nacional.  "Tanto em medidas tributárias, onde se dá a depreciação imediata dos bens de  capital, como em grandes reduções de tributos incidentes sobre esse tipo de  bens, assim como o financiamento  do BNDES para esse tipo de investimento", conta.
As demais medidas,  segundo presidente da ABDI, fazem com que o investimento produtivo, independente  do setor (são 25 setores impactados pela PDP), seja mais fácil  e barato. "Não resolveu tudo, mas resolveu tanto que não se ouve o setor privado  chiar em relação a isso. Está tudo funcionando", diz. "A ideia que está  consubstanciando cada uma das metas continua perfeitamente válida",  completa.
 
                                